Sophia Loren e as lentes progressivas
Há uns anos (muitos), o meu pai disse-me que estava um filme da Sophia Loren em re-exibição que valia a pena ver. Era o “Casamento á Italiana”, em que ela contracenava com o Marcello Mastrioanni. Fui ver.
Lembro-me que na altura gostei moderadamente do filme (opinião rectificada para melhor alguns anos mais tarde), e a minha opinião sobre a Sophia, que eu nunca vira antes, foi de que a tipa tinha uns grandes olhos, uma grande boca e e as restantes partes do corpo a condizer (110-60-110). Resumindo, não fazia o meu género, era só uma gaja boa e mai’nada. O que não era muito lisonjeiro
Há tempos atrás comecei a pensar em ir ao oftalmologista, porque via os amigos tremidos ao longe e tinha dificuldades em ler aquelas letras pequeninas nos rodapés dos livros. E lá fui numa tarde de chuva agreste, cats and dogs e tal, e já depressivamente a prever que ia sair dali com uns óculos como os do Woody Allen. Depois de uma forte esguichadela de ar em cada olho (a do primeiro eu não estava à espera e apanhei um susto dos antigos, a do segundo foi uma trabalheira para a auxiliar da médica me conseguir acertar) e de um exame completo, a médica disse-me que era vista cansada, coisa própria da idade, e que não havia qualquer outro problema, que bastava usar uns óculos de lentes progressivas e que iria passar a ver muito melhor.
Aquela referência à idade desagradou-me um pouco, as pessoas deviam aprender a ser um pouco mais diplomáticas, mas lá fui encomendar os óculos que me custaram os olhos da cara
Hoje, olho para a Sophia Loren num documentário do Biography Channel e vejo-a com outros olhos. Acho-a uma mulher cheia de classe.
Veja-se como uns caríssimos óculos com lentes progressivas nos podem mudar as perspectivas!